Terça-feira, 30 de Agosto de 2005
Encontrei-me com ela, chamava-se Angélica, e de anjo não tinha nada, ou talvez, mas não. Dentes para fora do reduto convencional dos maxilares, olhos esbugalhados, com órbitas à deficiente mental, e algum cabelo arrumado lá atrás das orelhas enormes. Um rato almiscarado! Ou Rata.
Espatifei-lhe o nariz - isso queria eu. Cara Angélica, venho aqui, porque estou desempregado, e não só...
Não só, não só? - repetiu-se.
Repastei nos seus tiques orais... deficiente do caralho. Retorqui-lhe com classe (mas mais rápido): Sim... Não... Sim... Não...
Parei. Ri-me - mais para dentro do que para fora.
Não estava preparada para uma rotina com excepcões, tinha que ocorrer algo assim... Gajas é assim, falham. Sim... Não... Sim... Não... Senti um click no peito da Angélica.
[Sincronização da expelição da alma] ... [TIC TAC TIC TAC...]
[Os vapores] ... [Os ouvidos] ... A alma, já tinha lido a teoria. Vapor pelos ouvidos fora. "Pago para ver".
Ela inicia o suícidio... 1... 2... 3... Booom, e a rata arrebentou.
Tragam gelo! - Gritei. Podia aproveitar as córneas dela, ganhar algum, já estava a ver os cifrões, verdinhos na minha mão, a caminho da carteira. Cuspi na mão, para escorregarem melhor... Ok, já os tenho dentro do copo com gelo, agora é que são elas, lá fora uns 40 graus. Detesto deixar o ar condicionado. A senha de atendimento marcava um 220, saí fora do gabinete, e gritei pelo 221, era um rapaz pequenino. Vá entra. E apalpei-lhe o cú - gosto sempre de estudar a auto-estima destes merdas, saloios de aldeia que vivem na cidade.
Derrapei com o carro, saiu-me o tampão. Oh foda-se! Bebi 2 litros de água morna, precisava de mijar.