Domingo, 4 de Janeiro de 2004
Eu preparava-me para passar os exames para o grau preparatório no liceu de Nikolayev. Uma mulher veio visitar sua irmã mais nova que vivia no campo; a primeira estava casada com um mercador da cidade, a outra com um camponês da aldeia. . Uma noite, acordou assustada, e viu envolvida por um raio de luar que entrava pela janela, uma sombra que se movia. Era um ancião vestido com um borel, apertando a cintura com um rosário, de alforge ao ombro enfim toda a aparência de um ermita. Aproximou-se da sua cabeceira e murmurou-lhe sem descerrar os lábios:
- Alegra-te ó mãe, o teu filho será um santo!
Procuremos, por conseguinte, acumular sabedoria. Evidentemente que semelhante acumulação exige também conhecimentos. Se conhecemos uma coisa, muito bem. Mas acontece com frequência que não possuímos discernimento para manifestarmos a sabedoria destinada a...
- Sou repórter e incumbiram-me de escrever uma série de artigos sobre os infortunados que passam as noites nos bancos dos parques. Posso perguntar-lhe a que se deve a sua?...
Interrompeu-me com uma risada simultaneamente áspera e amarga, circunstância que me fez suspeitar de que era a primeira que soltava em muitos dias.
- Os repórteres não falam desse modo - replicou calmamente.
«Quando emergi da inconsciência, vi-me estendido no solo de uma farmácia, aspirando amoníaco.>
Deteve-se, com músculos contraídos, do lado de fora da porta, escutando. Vinha de lá um ruído estranho, pesado e, contudo, não muito alto. O coração parou-lhe. Era um ruído abafado, mas insistente e poderoso. Qualquer coisa de grandes dimensões, em movimento violento, mas abafado. O que seria? O que seria, Santo Deus? Tinha de o saber. Parecia-lhe conhecer o ruído. Sabia o que era.