Sexta-feira, 2 de Janeiro de 2004
A vaca de fogo é uma vaca vulgar, avermelhada, de patas brancas, sempre alegre e de rabo espetado. Uma vaca contemporanea e moderna como ela sempre sublinhava nas apresentações. Era do tipo de vaca que em vez de comer um fardo de palha, preferia a palha enfardada e bem condimentada.
A vaca de fogo sendo considerada por muitos uma bela vaca era no entanto muito solitária, vivia as suas noites em volta de um vibrador azul que dizia "mete monedas" sonhando com o boi maxo q sempre afuguentou com a sua timidez, ela achava que era a sua beleza que os afuguentava, tal Menina Augustine de Villebranche.
Um dia em Caxias enquanto esperava o seu mais recente amigo, em quem confiava as suas preocupações pelos problemas das amigas e lhe passava os speeds sem receita
A sua vida mudou. O Cordeiro Antunes reparou. o coração bateu bateu
No dia seguinte Antunes foi visita-la, estava sentada num sofá, em traje de chá, um tecido prateado, preso por uns broches de certas estranhas pedras lunares que sempre usava. - Oh dia mais afortunado da minha vida - exclama -, nada existe de comparável ao meu triunfo, reconduzo ao seio das virtudes o coração onde vou reinar para sempre, a mistura dos sexos, muito útil à propagação, podia muito bem não revestir esta mesma importância para os prazeres. Sobre seis anos de morta estou bastante enterrada de fresco. não! No desmaio...não! Na morte...não! Nem no próprio túmulo está tudo perdido. Doutro modo, não haveria imortalidade para o homem.
Ainda tinha o retrato na mão, quando a marquesa entrou.
- Igual ao pai! - exclamou, dirigindo-se a mim - Estes franceses! Mal chegou e já se apoderou de Dona Lucrécia. A Senhora de Strahlenheim tinha uma cunhada de nome Guilhermina, noiva de um jovem da Westfália, chamado Júlio de Ratzenellenbogen que se alistou como voluntário na divisão do General Keist. Isto dava uma alta ideia da minha piedade à marquesa e ao sacerdote que às vezes tentava falar comigo sobre Teologia.
Depois, fechou as pálpebras. Os lábios sorriam. Os movimentos do coração enfraqueceram, cada vez mais vagos, como uma fonte se esgota, como um eco desaparece; e quando ela exalou o seu último suspiro, julgou ver nos céus entreabertos, um gigantesco papagaio, planando sobre a sua cabeça.
Impia tortorum longos hic turba furores
Sanguinis innocui, non satiata, aluit.
Sospite nunc patria, fracto nunc funeris antro,
Mors ubi dira fuit vita salusque patent.(1)
(Quadra composta para um mercado que devia ser
construído no sítio onde existiu o Clube dos Jacobinos,
em Paris.)
De Jaime Cogumelo a 2 de Janeiro de 2004 às 21:35
Nem quero acreditar no que escreveste! É muito bonito! Vou apanhar ar, deste-me ideias.
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