Segunda-feira, 14 de Fevereiro de 2005
Cheira a azul do céu, com sol quente, acopladinhos. Tão bonitos, os
namorados gélidos da manhâ fria que perdura o dia. O puto dia. E tocam
sinos de altifalantas, arrebatadores das cêras de ouvido, num espaço
comercial, a pastilha shooping, inala a mensagem: o dia dos namorados,
a rosinha vermelha, o baton da mesma cor, a emancipação dos sentidos...
também tu? Todos namoram, e dão as mãos, e lavam-se mais tarde, tudo em
procissão, porque hoje é especial, solene solenemente no cú. Sexo anal.
O ser um e o ser dois, comovem-se, "olha-me nos olhos" - diz que me
amas, mamam todos da mesma elevação do sucalco: a perduração do amor,
em fotocopia, e hoje é o dia da fiscalização.
Todos se amam, porque lá no fundo amam-se mesmo, e há guerrilhas, e
histerismos, e clonagens do natal, é amor para aqui amor para ali.
Oferece-lhe um perfume, mas é impessoal, é factura paga, siga para a
próxima data... páscoa. Oferece-lhe uma cueca genérica de sexo, mas é
púdica a pessoa em questão... És uma pessoa complicada, então porque é
que não... Um jantar, com velinha de revista mágica? E depois da noite
emperdenicada, uma foda?
Uma foda monstro, uma cona dilacerada, um ódio em amor, e enche mais e
toma mais... deixa-te ir. E cumpres o papel. Papeis a arder em filtros
de charro no natal do namoro, da fraternidade, em sexo. Se o amor é
sexo, então da-lhe sexo, se for mais que isso, dá-lhe cultura em forma
de livro-tonelada, toma engole, barata-pseudo que irrita os outros, mas
não a ti, porque a amas. Da-lhe uma foda especial, que os pseudos
tambem se libertam com o ocre da esperma (às vezes). Dá-lhe uma semi
zanga, antes do recompilatório sazonal anual do namoro e tal, da-lhe
palavras feias, espremidas fétidas de intensidade, deixa-a cair de cu
na prancha, e solta a onda, irrita os tubarões, dá-lhes o fémur dela...
E não! Não te deixes arder, era só para testar a gaja, as verdades
dela, o verdadeiro climax da honestidade averigua-se assimm, no
preliminar que se quer morno, adocicadamente quente. Todos têm culpas
no cartório. Espurgatório isto de ser amado para amar.
Afinal é um namoro, não é casamento, a não ser.... que seja algo
ilegal. E não poderá ser namoro, não poderá ser público, nem honesto à
luz da verdade dessa maquinaria robotica social: sociedade vil. Que
vives para alimentar e te alimentares.
O namoro ilegal, nestes dias de fachada, catolicismo padrão
heterossexual protestante quanto baste, do consumismo vil dos valores
cristãos (ler santana lopes)...
Afinal o caralho.
Dá-lhe a verdade, a vossa verdade.
Dá-lhe o olhar sincero apaziguador que adormece na noite o corpo
retículo da gémea alma. Sim. E promove-o à continuidade das coisas
essenciais: Sem ti, sorrir não é o mesmo. Amo-te!
Um feliz dia de namorados.